sexta-feira, 21 de setembro de 2007

embriaguem-se.


É preciso estar sempre embriagado. Aí está: eis a única questão. Para não sentirem o fardo horrível do Tempo que verga e inclina para a terra, é preciso que se embriaguem sem descanso.
Com quê? Com vinho, poesia ou virtude, a escolher. Mas embriaguem-se.
E se, porventura, nos degraus de um palácio, sobre a relva verde de um fosso, na solidão morna do quarto, a embriaguez diminuir ou desaparecer quando você acordar, pergunte ao vento, à vaga, à estrela, ao pássaro, ao relógio, a tudo que flui, a tudo que geme, a tudo que gira, a tudo que canta, a tudo que fala, pergunte que horas são; e o vento, a vaga, a estrela, o pássaro, o relógio responderão: "É hora de embriagar-se! Para não serem os escravos martirizados do Tempo, embriaguem-se; embriaguem-se sem descanso". Com vinho, poesia ou virtude, a escolher.
Baudelaire

5 comentários:

Paula disse...

Que lindo isso!
Gostei muito.
Embriagada de poesia e palavras, eu.

=*

O Velho disse...

Adorei isso aqui!! Lindo!

Virei sempre que possível, e, algumas vezes que for impossível também (não importando se por falta de tempo ou embriaguês).

;-)

Anônimo disse...

A embriaguês é um estado tal!

Lia disse...

embriaguez plena:
virtude.

O Velho disse...

Que bom!

Então somos dois.

;-)